CAPÍTULO 1 — O CAPITAL, KARL MARX

Darlley Brito
4 min readFeb 15, 2019

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PRIMEIRO PARÁGRAFO DE O CAPITAL

A riqueza das sociedades onde reina o modo de produção capitalista aparece como uma “enorme coleção de mercadorias”1, e a mercadoria individual como sua forma elementar. Nossa investigação começa, por isso, com a análise da mercadoria.

Karl Marx. O Capital, pg. 157.

PRIMEIRO PARÁGRAFO DE A RIQUEZA DAS NAÇÕES

O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado, parecem ter sido resultados da divisão do trabalho.

Adam Smith. A Riqueza das Nações, pg. 65.

INDÍCE

  1. VALOR DE USO
  2. VALOR DE TROCA
  3. DIALÉTICA

1. VALOR DE USO

A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de um tipo qualquer. A natureza dessas necessidades — se, por exemplo, elas provêm do estômago ou da imaginação — não altera em nada a questão2. Tampouco se trata aqui de como a coisa satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência [Lebensmittel], isto é, como objeto de fruição, ou indiretamente, como meio de produção.

Toda coisa útil, como ferro, papel etc., deve ser considerada sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade. Cada uma dessas coisas é um conjunto de muitas propriedades e pode, por isso, ser útil sob diversos aspectos. Descobrir esses diversos aspectos e, portanto, as múltiplas formas de uso das coisas é um ato histórico. Assim como também é um ato histórico encontrar as medidas sociais para a quantidade das coisas úteis. A diversidade das medidas das mercadorias resulta, em parte, da natureza diversa dos objetos a serem medidos e, em parte, da convenção.

A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso4. Mas essa utilidade não flutua no ar.

Karl Marx. O Capital, pg. 157.

2. VALOR DE TROCA

O valor de troca aparece inicialmente como a relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de outro tipo, uma relação que se altera constantemente no tempo e no espaço […] 1 quarter de trigo, por exemplo, é trocada por x de graxa de sapatos ou por y de seda ou z de ouro etc., em suma, por outras mercadorias nas mais diversas proporções. O trigo tem, assim, múltiplos valores de troca em vez de um único. Mas sendo x de graxa de sapatos, assim como y de seda e z de ouro etc. o valor de troca de 1 quarter de trigo, então x de graxa de sapatos, y de seda e z de ouro etc. têm de ser valores de troca permutáveis entre si ou valores de troca de mesma grandeza.

Karl Marx. O Capital, pg. 157.

3. DIALÉTICA

Note com que rapidez ele abstrai a incrível diversidade de carências, necessidades e desejos, assim como a imensa variedade de mercadorias, pesos e medidas, para focar o conceito unitário de valor de uso […]Nessa passagem inicial, o processo de abstração é apresentado pela primeira vez, mas ela certamente não será a única.

David Harvey. Para Entender o Capital, pg. 19.

Frequentemente, considera-se como origem da palavra dialéctica a palavra grega dialektikê, formada do prefixo diá e de logos, de onde dialogê, discussão, e o verbo dialegeyn, que significa terçar palavras ou razões, conversar, discutir, como também o adjectivo dialektikôs, o que é concernente à discussão por meio do diálogo.
Consequentemente, dialektikê seria a arte da discussão.

Mario Ferreira dos Santos, Lógica e Dialética, pg. 87.

A conciliação dos contrários, tanto nas coisas como no espírito, é o que constitui a dialéctica para Hegel. Comporta o processo dialéctico três momentos: tese, antítese e síntese.

Mario Ferreira dos Santos, Lógica e Dialética, pg. 111.

Por isso, o valor de troca parece algo acidental e puramente relativo, um valor de troca intrínseco, imanente à mercadoria (valeur intrinsèque); portanto, uma contradictio in adjecto [contradição nos próprios termos] […] Disso se segue, em primeiro lugar, que os valores de troca vigentes da mesma mercadoria expressam algo igual. Em segundo lugar, porém, que o valor de troca não pode ser mais do que o modo de expressão, a “forma de manifestação” [Erscheinungsform] de um conteúdo que dele pode ser distinguido.

Karl Marx. O Capital, pg. 157.

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